quinta-feira, 11 de março de 2010

PRATICANDO A GESTÃO ESTRATÉGICA NAS UCs: O DESAFIO DA EXECUÇÃO

Diante da constatação de que os Planos de Manejo não funcionam na prática como direcionadores da gestão de uma unidade de conservação (UC), começaram a ocorrer tentativas de adaptação metodológica que conferissem ao Plano de Manejo características mais gerenciais. Os Planos Estratégicos começaram a surgir como uma tentativa de propor foco ao trabalho a ser executado, sistematizando o conjunto de diretrizes, objetivos, metas e indicadores, que orientassem o esforço das equipes e a operacionalização dos processos de uma UC.

Avaliamos que as inovações metodológicas no planejamento das UCs têm contribuído para aproximar os planos da operação diária das UCs e para a fixação de um norte que serve de referência ao trabalho a ser desenvolvido.

Porém a melhoria no processo de planejamento das UCs não é suficiente, no nosso entendimento, para fazer da estratégia uma prática diária e rotineira na administração das unidades de conservação.

O hiato entre aquilo que a organização se propõe a atingir e a sua competência para fazer acontecer não é preenchida somente pela melhoria metodológica e ênfase na etapa do planejamento, materializados algumas vezes, pelos ineficientes processos de elaboração de Planos de Manejo (demorados, dispendiosos e "doloridos"), pelos complexos indicadores de desempenho ou pelos coloridos gráficos de gestão a vista.

O pressuposto aqui defendido é de que as dificuldades na execução da estratégia se devem muito menos à qualidade dos planejamentos (e das modernas ferramentas de gestão utilizadas para "enfeitar" estes planos) do que à falta de ênfase nas condições para sua implementação.

Mais importante do que a formulação de estratégias complexas e mirabolantes é o cuidado que precisamos ter com a sua compreensão pelos executores e com o ambiente organizacional em que será executada.

A execução da estratégia depende de liderança legitimada que mobilize a ação das pessoas para o foco pretendido e de um modelo de organização do trabalho que opere no dia a dia da organização privilegiando rotinas que se orientem para os resultados pretendidos.

A cultura gerencial brasileira peca exatamente em dos pilares da execução: a disciplina. Este é o preço que pagamos (trade off) pela aclamada flexibilidade do executivo tupiniquim que é reconhecido internacionalmente como criativo e inovador na busca de soluções. Entretanto carecemos, tanto no segmento privado quanto no segmento público, de cultivar a disciplina como hábito de gestão.

Perseguir obstinadamente os objetivos e metas, executar seriamente as ações planejadas e se responsabilizar pelos resultados obtidos – sejam eles satisfatórios ou não – estes são os desafios da cultura gerencial nacional para diminuir o hiato existente entre o plano e a ação.

As lideranças não podem se furtar a esta responsabilidade. A elas, mais do que a quaisquer outros, cabem às críticas em relação aos planos maravilhosos que nunca foram executados, aos objetivos desafiadores que nunca foram perseguidos e aos sistemas de gestão – "no papel" muitas vezes reconhecidos ou certificados – mas que não possuem nenhuma aderência ao dia a dia das organizações ou que não contribuem para o alinhamento da UC na direção da sua missão.

A disciplina não pode ser ensinada de outra forma que não seja através das ações. Responsabilizar as pessoas pelos resultados – discutidos e acordados abertamente, conscientizá-las do seu papel no fazer acontecer e reconhecer os esforços e, principalmente, os resultados alcançados são tarefas indelegáveis das lideranças que precisam ser conduzidas de forma inspiradora e muito disciplinada.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

A Importância da Gestão Estratégica de Unidades de Conservação

A compreensão de que a estratégia consiste na realização de escolhas presentes que influenciarão no futuro das organizações é crucial para compreender a importância desta competência para a gestão de Unidades de Conservação.
Mais do que um conjunto de diretrizes, objetivos, indicadores, metas e planos de ações o planejamento estratégico representa uma oportunidade para as lideranças das UCs promoverem uma reflexão séria e coerente sobre os resultados que necessitam ser construídos pela gestão da unidade. Ao escolher os resultados prioritários, sob os quais exista governabilidade por parte da gestão, as lideranças estão essencialmente dizendo não a diferentes demandas, necessidades, desejos e expectativas que são continuamente acumuladas sobre as unidades de conservação.
Isto mesmo. Fazer estratégia é saber dizer não, como já reiterou Michael Porter (celebrado guru da estratégia).
No caso das Unidades de Conservação, saber dizer não é um grande desafio. Primeiramente porque ainda temos – felizmente – um grande número de gestores apaixonados e imbuídos de um sentimento de missão. Gestores estes que se frustram diariamente pela inexistência de condições de trabalho e se frustram ainda mais pela incapacidade de atendimento aos legítimos interesses da conservação, da sociedade e das comunidades. A paixão e o sentimento de missão, encontrados na gestão das UCs e incansavelmente buscados pela gestão de empresas privadas, que conferem às lideranças o compromisso e a dedicação necessários, possuem como efeito indesejável a “miopia de prioridades” e a falta de foco na condução da organização. A falsa percepção de que tudo é importante e a conseqüente conclusão de que nunca conseguiremos atender a todos provocam sofrimento e comprometem o desempenho das lideranças.
E em segundo lugar em função da crescente pressão por um sem número de demandas, muitas vezes legítimas, á qual estão submetidas o conjunto de unidades de conservação do nosso país. Quer sejam as pressões oriundas legitimamente da sua importância para a conservação da biodiversidade, quer sejam as pressões decorrentes da localização destas organizações (UCs) nas regiões mais isoladas, menos desenvolvidas, menos assistidas e mais carentes do nosso Brasil continental.
Apesar das dificuldades, o que a gestão estratégica propõe é contribuir com as lideranças das UCs no difícil e permanente exercício de solucionar uma equação onde os recursos escassos, para não dizer inexistentes, precisam ser eficientemente combinados para produzir os poucos, porém vitais resultados. Este exercício de pensar e agir estrategicamente pressupõe a compreensão do contexto social, econômico e ambiental da UC e precisa considerar a interlocução com as demais instituições e atores do sistema.
Identificar os poucos, porém vitais resultados e posteriormente organizar os recursos disponíveis para buscá-los. Este é o desafio da gestão estratégica das UCs. As metodologias e as ferramentas aplicáveis a este exercício podem variar muito, e algumas delas são bastante adequadas para a realidade das UCs brasileiras. Entretanto o que não pode faltar é foco, ou dito de outra maneira: o que não pode faltar é sabermos dizer não.
Rogério F. B. Cabral – NEXUCS

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Boas vindas

O blog da Nexucs, assim como ela própria prentede constituir uma rede de informações, competências, experiências e, por que não, sonhos relacionados à melhoria do funcionamento das áreas protegidas.
Acompanhar as iniciativas, os erros e os acertos de uma equipe de profissionais ao oferecerem ferramental de apoio para a gestão das UCs não conseguem disfarçar a paixão com que se dedicam ao propósito de tornar efetivo o Sistema Nacional de Unidades de Conservação.
Fique a vontade para sugerir, questionar e claro, contribuir.